segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O Início


Há alguns meses, em uma viagem de volta de Xapuri (minha terra natal, onde ainda vivem meu pai e minha irmã), aconteceu algo que contribuiu enormemente para mudar alguns conceitos que até então eram pífios pra mim.

A “viagem” foi meio desprogramada, houve meia dúzia de desentendimentos familiares por lá, constrangimentos, discussões desnecessárias e muito blá blá blá. Mas enfim, chegou o momento de voltar pra casa, colocar a mala no carro e partir rumo à felicidade.

Mais ou menos na metade da viagem, eu, que estava no banco de trás do carro junto com meus sobrinhos, estava com muito sono. E quando se está com sono sendo passageiro num carro, tenta-se dormir olhando para o céu, tentando imaginar que as nuvens são carneirinhos a fim de contá-los (acho que pessoas normais fazem isso). E foi isso que eu tentei fazer. À princípio deu muito certo, só não a parte onde eu consigo dormir. Vi vários carneirinhos, ovelhas, lãs, algodão doce, cúmulos nimbos, avestruzes e patos. Até que, nas nuvens, enxerguei um homem, sentado, com uma espécie de cajado, me olhando. Piscava os olhos e enxergava o rosto desse homem mais próximo. Imaginava dezenas de coisas e elas se mostravam em forma de nuvens no céu. Era fascinante.

No início eu nem quis acreditar que aquilo era de verdade. Mas passei cerca de meia hora visualizando imagens vindas da minha consciência. Era como se eu estivesse lá em cima, moldando as nuvens. E na maioria das imagens, a imagem do rosto do homem as acompanhava, dando um charme todo especial.

Naquele momento me senti um tanto estranha, um tanto à vontade e segura. Como se todo aquele mundão fosse meu e dependesse de mim para continuar a existir. Mil pensamentos circulavam meu subconsciente. Eu estava voltando à sobriedade, à minha realidade, onde nuvens são só nuvens.

Mas aquelas nuvens tinham me tocado. Meu semblante havia mudado, e foi quando uma gota de lágrima caiu dos meus olhos e eu tentei segurá-la. Mas já era tarde demais. Várias desabaram e meu irmão quase percebeu. Fingi que estava dormindo e debrucei meu rosto no canto do carro.

Imaginei e compreendi o absurdo que eu estava a cometer. O absurdo que era não crer que toda a maravilha que é viver, a perfeição paradoxal que é a fisiologia e a anatomia do ser vivo, a biodiversidade que existe em harmonia conosco, havia sido criada por um ser com capacidade inteligível indubitável em detrimento de uma teoria que, naquele momento, se mostrava fajuta e idiota pra mim.

Envergonhada de mim mesma, eu só queria chegar em casa e passar uma borracha em tudo o que eu havia dito, feito e demonstrado anteriormente. Fazer com que as pessoas a quem eu deixei transparecer minha intolerância e indignação/revolta esquecessem que eu já pensei daquela forma.
Mas eu ainda estava dentro do carro.

Olhei para o lado e ainda via meus sobrinhos, à frente via minha cunhada e meu irmão. Estava tudo bem, afinal eu tinha um emprego, um namorado, uma família, uma vida. Parei, pensei mais um pouco e cheguei à conclusão de que, aquilo era asneira da minha cabeça. De que, quando eu chegasse em casa, voltaria tudo ao normal, e aquele dia seria esquecido muito rapidamente.

Mas não aconteceu isso. Felizmente.

Uma paz interior tomou conta de mim a partir daquele dia, e, hoje eu acredito que aquele foi um dos motivos que me fizeram crer em Jesus Cristo, no Criacionismo, no amor de Deus. Eu acredito piamente que, as nuvens foram um presente dEle para mim, afinal, era o mês do meu aniversário.

Ana Cañas


Resolvi voltar aqui depois de tanto tempo, não para, mais uma vez, transcrever o que penso, o que imagino ou falar do que discordo. Hoje, enquanto pensava com meus botões, durante uma breve olhada no reflexo do espelho, ao som de Ana Cañas, notei que, PELA PRIMEIRA VEZ NA MINHA VIDA, as coisas fazem sentido. FAZEM MUITO SENTIDO.

Não sei se pela euforia mesclada com calmaria sem precedentes que senti ouvindo a música, ou pelo momento. Momento que talvez seja único, momento em que a importância dos vários instantes que eu vivo estão se entrelaçando e me fazendo crer ou perceber que eu, finalmente, tenho um pequeno espaço no mundo.

Soa estranho até quando eu releio o que eu acabei de escrever. Mas é a verdade. Inexplicavelmente eu acredito que vivia sem perspectiva concreta nenhuma. Depois de tudo o que passou, sinto que isso dói. Dói mesmo.

Mas só dói porque hoje eu fundi todo o “aprendizado excepcional” que eu tive no decorrer do tempo, com uma única luz interior, uma única centelha que foi reacendida, que hoje me move e não me transformará em cinzas novamente.

Essa luz iluminou o meu dia. 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Respostas


Minha sina havia me dado um tempo, mas já deu as caras novamente.



Porque você, mesmo temendo uma perda devastadora a longo prazo por já ter vivido a mesma situação, tendo a oportunidade de fazer tudo diferente agora, continua errando e cometendo atos que alusivamente remetem à concretização de tal perda? É irracional, sabia?

Mais irracional ainda, é perceber que te dão todas as chances do universo para uma mudança significativa nesse sentido e você não reconhece a relevância. E quem te oferece isso é nada menos quem antes era o menor interessado na sua mudança, não por dó ou compaixão, mas por AMOR.

Mudanças comportamentais. Complexas, não? Me sinto irrisória e despercebidamente decepcionada por não ser motivo suficiente para que elas ocorram.

Mais ainda por ver que consegui no meu interior, mediada pelo sujeito oculto desta melancolia basbaque, mudanças de atitude desde comportamentais até espirituais.


O que antes foi fonte de inspiração primária para inúmeras dessas mudanças, hoje é somente um fruto qualquer de uma geração corrompida pela promiscuidade e falta de caráter.



"A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes" Humberto Gessinger

terça-feira, 1 de maio de 2012

Troianos


Não é tudo igual, as expectativas é que são sempre as mesmas. Assim, o culpado é quem esperava a mudança num contexto geral.

Mesmo sem arrependimentos, seria impossível não deixar transparecer tamanha decepção.
A confiança é a espinha dorsal de qualquer relacionamento, e quando ela se rompe, por qualquer que seja o motivo, é incompreensível dizer que ainda existe um relacionamento de amizade, de fraternidade, de namorados.

Não sou de me explicar delongamente, mas se (eu disse SE) ainda houver algo de agora em diante, isto será muito diferente. Assim como todos os conceitos concebidos até agora. E mais uma vez, eu embarco com meu fado nessa imundície que é o seu mundo. “Tenho quase certeza que eu não sou daqui (...)”

Ah, foi um ótimo presente de aniversário. De grego eu diria.

domingo, 1 de abril de 2012

Sopa de percepções




Tem certeza de que você está errado quando faz uma observação demonstrando toda sua ira sobre um assunto que muito lhe interessa e ninguém aceita sua colocação? Relativamente você está correto, absurdamente correto. Também é uma descoberta incrível, deveras.

Se é incoerente para o maior interessado e sensível de prejuízos, é ilógico que este concorde. Tem-se mais é que ficar irado mesmo, procurar entender o motivo de não agirem como o esperado e propor mudanças. Se alguém está doente e mesmo assim lúcido, quem decidirá sobre ele?


As mulheres quando ficam bravas e sensíveis na TPM, não demonstram sentimentos vazios e fictícios. Muito pelo contrário, estes existem e são muito reais, e como acontece com o álcool para quem é introvertido, os sentimentos afloram. Um problema não será resolvido se for tratado somente como “aflorado em dias ruins”. É um problema e como tal deve ser levado a cabo. Consciente e resolutamente.

E se você não é reconhecido? Imagine que você é um renomado escritor e quando está passando na rua, encontra um ex professor da faculdade. Você acostumado com a euforia das pessoas, nota que o professor não lhe parabeniza e dá indícios de que nem conhece seu trabalho. Só o cumprimenta e vai embora. É decepcionante, não?

É necessário paciência para se chegar onde se quer. É certo que o perfeccionismo notado é precursor do reconhecimento. De nada adianta SÓ VOCÊ saber do seu potencial, é preciso cautela e um pouco de tempo, ainda mais se a timidez está presente.

Empatia


Segurança e uma dose a mais de narcisismo (entenda como egoísmo ou amor-próprio). É isso. Necessidades indomáveis e catastróficas.

Não entendia o motivo de certos relacionamentos não darem certo, até algumas semanas atrás. É importante estar com os dois pés fincados no chão para embarcar em uma guerrilha de sentimentos aflorando-se e adentrando num seleto mundo de indecisões e devaneios ocultos. Mais importante, é a descoberta de somente se afixar estima/empatia/afeto reais de si para com outrem quando se está certo das premissas, propósitos, considerações e reciprocidades do dito cujo. A descoberta, não o fato em si. Pois se descubro que tenho forças suficientes para quebrar uma grade que me prende, ponderarei sobre as possibilidades que se fizerem mais proveitosas. Se tenho somente desafetos do lado oposto, cá permaneço.

Empatia. Me imagino do lado oposto e se me vejo agindo de outras formas (com austeridade, p.ex.), é fadado que o “dito cujo” é desleal. E principalmente: o sujeito tem ciência dessa possibilidade através de indícios indissociáveis que foram demonstrados silenciosamente, o que fez com que uma imagem negativadora fosse criada intima e despretensiosamente.

Decerto há algo. Mesmo que alusivamente, há que se concordar.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Independência emocional


Pessoas frias geralmente trazem na bagagem alguma história de decepção e sofrimento, certo? Talvez. É isso que eu procuro desvendar desde recentemente, mesmo tendo encontrado obstáculos gigantes que, inconscientemente, me forçam de forma antecipada a desistir de tal trajeto.

Descobri que eu tenho a estranha mania (mesmo sendo algo involuntário) de sempre aparecer no momento errado. É incrível como depois de certo tempo eu percebo o quão tosca foi minha aparição!

Eu costumo repetir pra mim que a gente sempre busca o que não possui e quando o possui, deixa ocorrer uma desvalorização tamanha que então não mais compreendemos o motivo da busca inicial. Isso é absolutamente normal, mas a gente esquece até onde vai a veracidade disso ou prefere acreditar que só acontece conosco.

É interessante perceber que abrimos mão de algo simplesmente porque queremos o bem de outrem, o que não significa que o contrário faria o mal, mesmo sob dubitáveis hipóteses negativas. Mais interessante ainda é aprender a se autovalorizar, conquistando assim uma independência emocional gigantesca. E conseguir enxergar alguém se superando a cada dia, assim como você perceber que estão suprindo e até ultrapassando suas expectativas iniciais, é absolutamente compensador e estimulante.

Eu na verdade estou bastante feliz com uma escolha meio desacertada a princípio, decisão essa que jamais imaginaria eu, que me traria tanta satisfação. Eu hoje compreendo o verdadeiro significado de companheirismo, de afeto recíproco, de como é bom aprovar um comportamento de alguém querido, da beleza que há na simplicidade e de como eu me sinto bem com ela, além de uma porção de outras coisas que jamais imaginei que estariam tão próximas a mim.

Mas, na minha vida existem ainda espaços não delineados e obscuros, o que eu estou tentando fazer agora é preenchê-los com muita luz.